Conforto__#05
A busca por conforto e familiaridade vem ganhando força. Em tempos de excesso digital, incertezas e velocidade, a nostalgia se torna um refúgio afetivo.
O que aprendemos nesses últimos dias:
📼 Marcas estão relançando produtos icônicos com tecnologias atuais e apelo emocional;
📽️ Remakes e live actions de filmes e novelas trazem histórias já conhecidas, mas com cara nova, mais atual;
📴 A necessidade por um tempo off-line é crescente entre a geração Z e Alpha;
🤝 A nostalgia virou ferramenta para gerar conexão profunda com o consumidor.
Nostalgia vende, mas nem sempre dá certo.
Nos últimos anos, tem se intensificado a busca por conforto no consumo de entretenimento, impulsionado por um desejo coletivo cansaço e de reconexão com memórias afetiva. Não é à toa que produções como o live action de Lilo & Stitch, a produção da nova série de Harry Potter e remakes de novelas nacionais tem feito tanto sucesso atualmente. Essas histórias, já muito conhecidas pelo público, voltam com cara nova, mas com tramas muito similares.
O live action de Lilo e Stitch tem levado crianças e adultos ao cinema. A animação lançada em 2002 pela Disney conquistou milhares de pessoas pelo mundo, criando memórias afetivas e marcando toda uma geração com a famosa frase “‘Ohana’ significa 'família' e sua família nunca te abandona".
Entre 2024 e 2025, a produção se tornou novamente uma febre com a notícia do seu live action. A expectativa do lançamento atingiu diversas faixas etárias e o mercado aproveitou o momento.
Produtos como roupas, acessórios e itens de decoração ganharam a cara dos personagens novamente, conforme informações da Disney, vendas de produtos relacionados ao personagem cresceram 247% em 2024 com relação ao ano anterior.
Em todas as lojas, online ou física, encontramos o rostinho caricato do pequeno Stitch estampado nos produtos. Já nos cinemas, baldes de pipoca e copos foram produzidos para tornar a experiência de ver o filme ainda mais divertida e única.

Os remakes de novelas brasileiras também entram na jogada. Produções como Pantanal e Vale Tudo trazem de novo as histórias que conquistaram o público. Pantanal foi um grande sucesso em 2022, quando lançado na sua nova versão, conquistando novamente o público brasileiro com a história de romance de Juma Marruá e Jove.
Como a nostalgia vende? Segundo uma pesquisa de sete décadas feita pelas universidades de Columbia e Harvard, o nosso cérebro tem capacidade de excluir as marcas negativas com o tempo, por isso valorizamos mais algumas coisas depois que elas ficam para trás.
Em uma entrevista para o Uol, a professora da pós-graduação em comunicação da Unip Clarice Greco aponta: “No sentido mercadológico, é um lugar seguro. O remake faz uso da nostalgia na segurança de que as pessoas vão querer assistir algo famoso, que já fez sucesso, mas dando chance da obra respirar, se atualizar e também inserir debates contemporâneos.”
Mas nem tudo são flores, nem todos remakes tem a certeza do sucesso, como a novela Vale Tudo, que está sendo exibida atualmente pela TV Globo, que não tem sido tão aclamada e está com audiência baixa, ficando em 5º lugar no ranking das produções da Globo mais vistas do dia no último dia 27.
Outro exemplo é o chocolate Surpresa, relançado pela Nestlé recentemente. As críticas foram principalmente por não haver mais os cards com os animais, assim como era quando o chocolate era comercializado antigamente.
Não é novidade que as pessoas tem buscado se desligar do mundo digital.
Alguns dados deixam isso evidente. Segundo a Delloite, 7 em cada 10 pessoas usam o smartphone assim que acordam e, na mesma pesquisa, descobriu que 67% gostariam de passar menos tempo em seus dispositivos. Outra pesquisa da DataReportal indica que a média de uso dos smartphones é de 9 horas por dia no Brasil e a média global é de 6,5 horas, algo no mínimo preocupante.
Lembra da época que você “entrava” na internet? Em um mundo hiper conectado não existe mais isso, a internet está conosco em todos os lugares. A busca por fugir disso ganha espaço com jovens a favor de um “toque de recolher”, onde o acesso a determinados aplicativos e sites ficariam restringidos após as 22h.
Esse comportamento começou na Holanda com o Clube Offline que tem ganhado cada vez mais integrantes que compartilham das mesmas opiniões quando o assunto é tecnologia. O clube promove eventos onde as pessoas devem deixar celulares e computadores em casa e passar algumas horas fora das telas, seja conversando com outras pessoas ou fazendo alguma atividade manual.
A ideia começou com os holandeses Jordy, Ilya e Valentijn, mas vem se espalhando por toda a Europa e a expectativa é que outros lugares do mundo comecem a aderir ao movimento e ficar um pouco fora das telas.
Nessa movimentação entre os jovens para uma vida mais offline, os celulares flip, muito famosos nos anos 2000, voltaram a ser objeto de desejo. Sem acesso à internet e redes sociais, os telefones são usados apenas para ligações ou mensagens de texto. Mas mesmo com o aumento da procura desses telefones, os smartphones seguem em alta e o tempo de tela dos jovens ainda é uma preocupação.
Com o aumento da vida offline, diferentes atividades manuais viraram tendência. Um exemplo é o famoso livro de colorir Bobbie Goods, que vem conquistado pessoas de todas as idades que, ao invés de ficarem consumindo telas, passam seu tempo pintando e criando conexão com pessoas que compartilham do mesmo interesse.
✨ INSIGHT’S TEAM 🧠
A nostalgia deixou de ser apenas uma emoção e se tornou um vetor estratégico. Produtos, serviços e conteúdos que acessam memórias afetivas constroem conexão genuína e diferenciação competitiva. O passado, quando bem trabalhado, é capaz de criar valor no presente.
O mercado de consumo percebeu que nem tudo precisa ser novo para ser inovador. Cada vez mais vemos ativações de marketing, collabs e reposicionamentos centrados no resgate de símbolos do passado — sempre adaptados ao contexto digital atual. A nostalgia vende, fideliza e emociona.