IA e o Design: Estamos resolvendo problemas ou embalando soluções?
Este artigo parte de uma conversa entre o time de design da DEx01 para refletir sobre os desafios, as oportunidades e as ameaças para a profissão.
Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) tem avançado de forma acelerada, impactando diversas áreas do conhecimento e do mercado, incluindo o design. As ferramentas de IA permitem fazer imagens, textos e protótipos em segundos, algo inimaginável há poucos anos. Mas será que essa evolução está ajudando a resolver problemas reais ou apenas produzindo soluções superficiais, estéticas e genéricas?
A evolução do design diante das tecnologias
O design, como profissão, sempre foi moldado pelas tecnologias disponíveis. Desde a chegada dos bancos de imagem até as ferramentas digitais atuais, o trabalho se adaptou. A IA aparece como mais uma dessas tecnologias que prometem revolucionar, mas também gera dúvidas.
Alguns a veem com medo, outros com curiosidade, e a verdade é que ela já está entre nós e precisamos entender como usá-la para melhorar nosso trabalho sem perder a essência.
Resolver problemas x Embalar soluções
Um ponto crucial da conversa é a distinção entre “resolver problemas” e “embalar soluções”. Resolver problemas exige escuta, empatia, repertório e questionamento. Já embalar soluções é entregar respostas rápidas, estéticas e adaptadas a partir de fórmulas já existentes. No dia a dia do design, muitas vezes acabamos repetindo metodologias e padrões sem pensar se aquilo realmente resolve o problema do cliente ou do usuário. Essa superficialidade pode ser um risco maior do que a simples automação de tarefas.
O valor do design artesanal e humano
Com a padronização implementada pela indústria e, agora, pela IA, o design que se destaca será aquele que oferece um toque humano com empatia, intenção e personalização. Esse “design artesanal” tende a ser mais valorizado, porque traz profundidade e exclusividade, coisas que nenhuma IA consegue replicar hoje. É uma valorização do humano no centro da criação, uma aposta na autenticidade e na emoção.
O impacto no mercado e na formação dos profissionais
Um dos maiores desafios é o impacto da IA para os profissionais em início de carreira. Se as tarefas repetitivas e simples forem automatizadas, como o designer júnior vai aprender? O risco é de um vácuo de conhecimento e experiência, com a próxima geração não desenvolvendo as competências necessárias para inovar. Talvez o papel desses profissionais mude para especialistas em prompt, mas isso pode não ser o suficiente para o avanço profissional.
IA: concorrente ou colaboradora?
O papo reforça que a IA, no modelo atual, não é realmente inteligente, ela replica padrões e dados existentes, não cria algo novo. Por isso, ela é uma ferramenta poderosa, mas limitada. O futuro do design estará no equilíbrio: usar a IA para automatizar, mas manter o foco no trabalho estratégico, humano e inovador que só o designer pode entregar.
A discussão deixa claro que não temos respostas definitivas, mas que o caminho está na adaptação. O design como profissão está mudando rápido, e nossa percepção sobre o que fazemos também. O importante é manter a intenção na base do nosso trabalho e usar a IA como uma aliada e não uma substituta.